Salvador, 16 de fevereiro de 2013
Quando eu era criança, eu tinha um amigo imaginário que sempre gostava de escrever cartas e contar as minhas traquinagens, as minhas alegrias, as minhas tristezas, as minhas descobertas; mas ele foi ofuscado pela presença ímpar e intensa de meu amado pai, que era o meu melhor amigo, o meu incentivador, o meu herói, o meu companheiro de jornadas.
Amava ir ao cinema com meu pai, e depois ficamos discutindo sobre o filme e outros tantos que tínhamos assistindo anteriormente; agradeço ao meu pai, o amor que eu tenho pela Literatura, pois ele sempre me presenteava com livros da Literatura Brasileira e de outros países. Nossa amizade sempre foi muito especial e perdurou até o seu último suspiro.
Quando ele morreu, pensei que jamais encontraria alguém que pudesse ser o meu amigo, daquela mesma forma, que eu sentisse a mesma cumplicidade, sintonia de mentes, almas, espíritos...enfim alegria, descanso, segurança, ao seu lado, perpetuando as nossas conversas intermináveis.
Fiquei muito triste com essa perda e também por outras perdas que aconteceram anteriormente, a morte de minha mãe, a minha separação com meu ex; e para agravar a minha situação ainda não era cristã, nem tinha tomado posse de minha verdadeira cidadania: filha de Deus, pela fé, pela plena crença do perfeito sacrifício de meu amado Senhor, Jesus Cristo.
E quando fui agraciada com a revelação dessa preciosa verdade, obtive maior consolação quanto a morte de meus entes amados; mas ainda sentia muita falta da amizade que eu nutria por meu pai, e também não tinha com quem conversar da mesma maneira que conversava com ele; porque com meu ex-companheiro jamais aconteceu uma perfeita harmonia de almas, espíritos.
Orava muito ao Senhor pra que isso ocorresse, porque me inspirava demais na Palavra de Deus, na qual era relatada e exaltada os encontros e as amizades ímpares, igual a de Noemi e Rute, de Davi e Jônatas, de Jeremias e Baruque, de Moisés e Josué, de Paulo e Timóteo, de Ester e seu tio Mardoqueu, de Isaías e Eliseu e de tantas outras amizades.
As minhas orações foram ouvidas, atendidas, encontrei um amigo com o mesmo quilate de meu pai, alguém que eu amava e confiava demais, que me deleitava com as nossas conversas, com a nossa cumplicidade, com a nossa sintonia de almas, espíritos. Alguém, com quem, eu sorria, sonhava, devaneava, brincava...
E melhor alguém que também compartilhava a mesma fé que eu comungava, alguém com quem eu falava da Palavra de Deus; e passava, noites e mais noites, conversando sobre o amor em Cristo que nos unia, nos deleitava, nos contagiava...de uma maneira tão especial que jamais tinha acontecido antes, porque meu pai só ocasionalmente falava da Palavra comigo, ele não era cristão; e só tomou posse das promessas do Senhor no seu leito de morte. Glória a Deus por essa grandiosa dádiva.
O mais inacreditável dessa amizade é que eu não conhecia pessoalmente o meu amigo, passamos 3 anos e 8 meses conversando por telefone, por envio de e-mails, torpedos; pois nos conhecemos pela Internet, num site evangélico; posteriormente nos conhecemos pessoalmente e vivemos momentos raros, prazerosos.
Mas infelizmente nos desentendemos e nos afastamos; e nunca o esqueci, nem da nossa amizade, nem tampouco das nossas conversas; ainda sinto uma imensa vontade de falar com você; mas respeitei e respeito o seu silêncio e a sua soberana vontade, escolha.
Entretanto isso não impede de eu escrever cartas, mesmo que jamais as leia; então a partir de hoje, resolvi me comunicar através das palavras, como nada de ruim tivesse acontecido conosco, sendo uma forma de compartilhar com você as minhas alegrias, as minhas tristezas, as minhas conquistas, os meus sonhos, as minhas fotos, as minhas músicas, os meus escritos, a minha saudade, o meu carinho, o meu amor; e o mais importante continuar compartilhando a Palavra de Deus, o que o Espírito está me revelando...
Enfim torná-lo dentro de mim, um amigo, que jamais darei adeus!
Enquanto tiver vida e alento, escreverei cartas pra você!
Querida amado amigo, estou te convidando a espairecer debaixo da videira, e debaixo da figueira...num Dia, que nunca mais haverá distância entre nós; nunca mais terei lágrimas pra derramar; nunca mais haverá a saudade a me entristecer...
Nunca mais usarei desse subterfúgio pra conversar, e me comunicar com você...
E eu estarei ao seu lado para sempre, por toda eternidade, meu amado irmão em Cristo!
Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um de vós convidará o seu próximo para debaixo da videira e para debaixo da figueira. Zc 3:10
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